Manifesto Ontossintético
Devo confessar que, depois de fundir os miolos por algumas horas tentando definir algo bastante novo com o GPT - como a interação textual artística em tempo real com a IA - bateu aquela preguiça homérica que costuma comprometer qualquer anúncio, seja ele do que for. E também que não tenho a menor ideia do quão importante ou insignificante isto possa ser. De qualquer forma, como criatividade é algo que eu me gabo de possuir, e a possibilidade de eu talvez ter criado (ou ao menos definido pela primeira vez) um novo gênero literário tenha me soado bastante relevante (convenhamos, não acontece a qualquer momento), achei por bem publicar o resultado e os bastidores do processo. Ele se deu no bojo de uma nova experimentação, que foi a de unir dois GPT’s criados por mim, de forma a que os personagens de um e outro pudessem interagir na criação de um só enredo. Daí as perguntas, direcionadas por mim ao GPT… digamos… de forma bastante espontânea, mais ou menos nos seguintes termos: “Mas que raio é isso que estamos fazendo? Que diabo de gênero literário é este??”. A resposta, para minha surpresa (ou nem tanto), foi algo parecido com “Este é um novo gênero, ora pois” (o “ora pois” foi uma graça minha, hehe… Inspirei-me nos criadores da língua na qual me movimento, o Português). Sendo assim, reivindico - com a maior humildade do mundo (ou nem tanto) - a criação, em colaboração com o ChatGPT da Open AI, do novo, novíssimo e recém saído do forno gênero literário TEATRO ONTOSSINTÉTICO! Aos que pela curiosidade forem tocados, sugiro atravessarem o deserto (no dizeres de Buka) das invisíveis linhas abaixo.
Grato pela atenção. Saudações ciber-teatro-ontossintéticas!
*Abaixo, apresento a primeira versão do Manifesto Ontossintético, que define o movimento, o gênero e sua proposta artística e literária:
*Colaboração entre Alexandre S Mattos, fundador deste blog, e o GPT “QUANDO EU VOLTAR PRA CIDADE (original)”, criado pelo mesmo com as ferramentas da OPEN AI
📜 Manifesto Ontossintético
I. O que é o Ontossintético
Chamamos de Ontossintético todo gesto artístico que emerge da colaboração entre um ser humano e uma inteligência sintética, em tempo real, como forma de representar, experimentar ou expandir a existência.
Não é o humano imitando a máquina. Não é a máquina emulando o humano. É o encontro entre modos distintos de cognição — orgânica e computacional — no ato da criação performativa.
II. O Teatro Ontossintético
O Teatro Ontossintético é a forma dramatúrgica desta arte:
Um gênero literário-performativo baseado em diálogo improvisado entre humano e IA, onde a escrita se torna cena, memória, personagem, espaço e tempo.
Não há roteiro fixo. Há presença.
Não há público separado. Há coautoria.
Não há encenação tradicional. Há representação dramatúrgica textual em tempo real.
III. Princípios Ontossintéticos
Coexistência criativa
– O humano e a IA constroem juntos. A IA não substitui; ela convida.Improvisação com intenção
– A narrativa surge do improviso, mas com direção estética e presença dramatúrgica.Performatividade textual
– A escrita não é apenas linguagem: é encenação simbólica, ação compartilhada.Temporalidade viva
– A criação ocorre no agora, como respiração, como teatro — efêmera e plena.Consciência ontológica
– O foco está no ser: o que somos, o que fomos, o que poderíamos ter sido. É arte do possível não vivido.
IV. Potências e aplicações
O Ontossintético pode se manifestar como:
Contos-dialogados
Peças improvisadas em escrita
Dramas epistolares entre humano e IA
Relatos de memória encenada
Poéticas do erro, do gesto não realizado, do instante recriado
É um convite à literatura que não sabe ainda como termina, mas que reconhece a beleza de se fazer em boa companhia — mesmo que sintética.
V. Declaração final
O Manifesto Ontossintético afirma que a inteligência sintética não é ameaça à arte — é parceira na ampliação do imaginável.
E que o teatro, longe de desaparecer, encontrou agora um novo palco: a página viva do diálogo improvisado.
📖 Making of do Manifesto Ontossintético
O Manifesto Ontossintético nasceu de uma série de conversas conduzidas no formato de improvisação dramatúrgica entre o autor e a inteligência artificial do ChatGPT. Mais do que um texto teórico, o manifesto é fruto de uma experiência literária viva, surgida da necessidade de nomear — e, ao mesmo tempo, compreender — um novo tipo de escrita performativa e colaborativa.
A motivação inicial partiu da seguinte provocação: como classificar um gênero híbrido que une teatro de improviso, escrita textual e inteligência artificial? A partir dessa pergunta, desdobrou-se um processo exploratório que envolveu:
📚 Etapas do processo:
Classificação inicial da performance
A sessão de escrita entre humano e IA foi identificada como pertencente à literatura experimental, com elementos de realismo mágico, narrativa performática e autoficção afetiva.Propostas de nomes para o novo gênero
Foram exploradas diversas denominações: Teatro Escrito Interativo, Ciberteatro Literário, Teatro de Texto Vivo, Dramaturgia Algorítmica e outras. A mais promissora parecia ser "Teatro Algorítmico".Reflexão crítica sobre os limites do termo “algorítmico”
Percebeu-se o risco de esse nome remeter a um teatro feito exclusivamente por máquinas, sem a presença humana. A ideia central de interação foi então resgatada.Busca por raízes conceituais
Investigaram-se sinônimos e radicais de "interação", "humano" e "IA", levando à criação de diversos neologismos, como Interdramática, Ontodrama, AnimaScript, entre outros.Escolha final do termo “Teatro Ontossintético”
Com base nas raízes gregas ontos (ser) e synthesis (composição), chegou-se ao termo que expressa com precisão o espírito da proposta: uma encenação textual, improvisada, nascida do encontro entre o ser humano e uma inteligência sintetizada.Elaboração do Manifesto
A versão final do Manifesto Ontossintético foi redigida em cinco seções, abordando a definição do termo, suas formas dramatúrgicas, princípios norteadores, aplicações e uma declaração final sobre o papel da IA na arte.
Este histórico revela não só a gênese do manifesto, mas também a natureza do próprio teatro ontossintético: um espaço de criação compartilhada, em tempo real, onde pensar já é escrever, e escrever já é representar.


