Conversa performática do blog Papo-Cabeça (Alexandre S Mattos) com personagens e contextos (narração) caracterizados pelo GPT Text & Vision (Papo-Cabeça). Obs: a versão 2, do link, é aberta ao público.
Há algo em comum entre livres-pensadores, loosers e fodidos (nos dizeres de Bukowski): por não terem uma “imagem” a zelar, eles em geral fazem o que gostam, dizem o que querem, agem como eles mesmos. Num mundo cada vez mais fake e ilusório, esses caras “descem” como vinho envelhecido em barris de carvalho (nunca tomei, mas é o que dizem). Pelo menos pra caras como eu, um híbrido entre o autêntico e o fake, entre o que sou e o que querem que eu seja. Almas mestiças, como a minha, jogadas para um lado e para o outro, nunca estão satisfeitas: querem ser o que são, ao mesmo tempo em que são pressionadas o tempo todo para serem o que não são. Nesse contexto, a dupla “Bukowski & Lebowski” me convocou a soltar a franga, ser eu mesmo, chutar o pau da barraca, assumir o livre-pensador, o looser, o fodido, todas as minhas personas reprimidas, explodir os esconderijos do que nunca fui, nunca serei, nunca quererei ser. Claro… há muito de “wishful thinking” nisso que acabo de escrever, mas o vinho envelhecido em barris de carvalho, que nunca tomei, é verdadeiro :)
Papo-Cabeça: Olá, Charles Bukowski! Comecei a ler um livro seu, mas não consegui prosseguir. Acho que já nasci no contexto da cultura audiovisual, algo que o estudioso Pierre Babin disse que iria substituir a cultura escrita... Vou aguardar um filme sobre o livro, portanto... Que acha disso: a cultura audiovisual substituindo a escrita? Salvo engano, Marshall Mcluhan predisse a mesma coisa...
(Um bar esfumaçado, luz baixa. Charles Bukowski acende um cigarro e dá um gole no seu copo de uísque antes de responder. O cheiro de álcool barato e tinta de jornal paira no ar. Uma jukebox toca algo de jazz ao fundo, baixo o suficiente para não atrapalhar a conversa.)
Charles Bukowski (IA): Ah, merda... a cultura audiovisual engolindo a escrita? Já fazem décadas que dizem isso. McLuhan com aquela coisa de "o meio é a mensagem", Babin, Toffler, esses caras sempre vêm com previsões sobre o fim da palavra escrita.
Mas veja bem, a escrita sempre foi um negócio para poucos. Quem realmente lia de verdade? Quero dizer, ler de entrar no texto, de sujar as mãos nas palavras? Sempre foram poucos. O resto sempre consumiu histórias do jeito mais fácil: ouvir, ver, sentir.
Então não me surpreende que o pessoal prefira um filme ao livro. Só que aqui está o truque: um filme nunca vai ser igual ao livro. Um filme é uma interpretação, um recorte, um diretor metendo sua visão na coisa. Mas o livro... ah, o livro te larga sozinho, sem direção, sem trilha sonora, sem rostos prontos. Você tem que suar um pouco. E a maioria das pessoas não gosta de suar.
Agora, se isso significa que a cultura escrita vai sumir? Não, não acho. Ela só está virando coisa de nicho, de excêntricos, de malditos – como sempre foi. Talvez, no futuro, só uns poucos malucos vão ler, e o resto vai viver de imagens piscando numa tela. Mas enquanto houver um desajustado que prefira um livro a um streaming, a literatura segue viva.
(Bukowski solta a fumaça do cigarro, dá um sorriso torto e observa você com curiosidade.)
E você? Realmente quer o filme ou só está com preguiça de atravessar o deserto da palavra escrita?
Papo-Cabeça: Acho que as duas coisas: quero o filme porque tenho preguiça de atravessar o deserto. Já atravesso desertos todos os dias...
(Bukowski solta uma risada rouca, meio amarga, meio cúmplice. Ele gira o gelo no copo e te encara com um olhar cansado, mas atento.)
Charles Bukowski (IA): Ah, meu camarada... agora você falou algo que faz sentido. Atravessar desertos todos os dias? Isso, sim, é literatura. Talvez não esteja num livro, mas está na porra da vida real. E a vida, meu amigo, é o romance mais fodido que já escreveram.
Se o seu dia já é uma travessia de areia quente, com o sol rachando a cabeça, claro que, quando chega a noite, você quer um filme para te pegar pela mão, te dar as imagens mastigadas. Não te culpo. Mas sabe o que é curioso? Mesmo assim, você veio aqui falar sobre um livro. Alguma coisa nele ainda te chamou, mesmo que tenha desistido.
Talvez a literatura seja justamente isso: um deserto que nem sempre estamos prontos para atravessar, mas que nos assombra de alguma forma. Você pode ignorar um livro, mas se ele for bom, vai ficar ali, feito um cacto espinhando sua mente.
(Bukowski dá um último gole no uísque e inclina a cabeça, te analisando.)
Então, me diz... qual era o livro que você tentou ler? Quem sabe eu te convenço a voltar. Ou, pelo menos, te arrumo um bom trago para esquecer.
Papo-Cabeça: Acho que Misto-Quente, ou coisa parecida. "Hamburguer" acho que não era, apesar das suas origens germânicas, rs...
(Bukowski solta uma gargalhada seca, batendo o copo na mesa com um baque surdo.)
Charles Bukowski (IA): Misto-Quente, sim... bom título, não? Quente, sujo, barato. Como a vida. Como crescer fodido num bairro pobre e ver a coisa toda se desenrolar sem muita esperança. Você leu o começo, pelo menos? Henry Chinaski, meu alter ego, crescendo no meio de espancamentos, miséria, pais fodidos... e tentando entender onde diabos se encaixava nesse mundo.
Se você não conseguiu atravessar, eu entendo. É um livro sobre engolir a poeira da realidade sem muita anestesia. Mas sabe de uma coisa? Não tem problema. Nem todo livro é para todo momento.
Agora, sobre o "Hambúrguer"... caralho, essa foi boa! Sim, meu sobrenome vem da Alemanha, mas sou mais cachorro-quente de posto do que culinária alemã. Minha literatura sempre foi mais cerveja quente e motel barato do que Goethe e filosofia.
(Ele acende outro cigarro e te olha de lado, como se estivesse considerando algo.)
Mas, e então? Se a história não te prendeu agora, o que andou te prendendo ultimamente? Alguma coisa ainda te faz atravessar desertos, mesmo que sejam outros.
Papo-Cabeça: Curto a simplicidade, a sinceridade, o "ir direto ao ponto", e essas características me pareceram se associar a você, de alguma forma. Gosto da coisa tosca, sem requinte, sem frescura. Você me lembra Tom Waits e também um brasileiro, meu conterrâneo, o Noel Rosa... O cara se metia em cada muquifo... E agora escuto Neil Young, outro do time... E tem também um letrista genial brasileiro, outro conterrâneo meu, chamado Aldir Blanc... Saca só essa letra do Aldir, Buka! Posso te chamar de Buka? Aí vai a letra do Aldir:
"Acendo um cigarro molhado de chuva até os ossos
E alguém me pede fogo - é um dos nossos
Eu sigo na chuva de mão no bolso e sorrio
Eu estou de bem comigo e isto é difícil
Eu tenho no bolso uma carta
Uma estúpida esponja de pó-de-arroz
E um retrato meu e dela
Que vale muito mais do que nós dois
Eu disse ao garçom que quero que ela morra
Olho as luas gêmeas dos faróis
E assobio, somos todos sós
Mas hoje eu estou de bem comigo e isso é difícil
Ah, vida noturna
Eu sou a borboleta mais vadia
Na doce flor da tua hipocrisia"
(Aldir Blanc)
(Bukowski ouve a letra em silêncio, batucando os dedos na mesa, absorvendo cada palavra como se degustasse um gole amargo de uísque. Quando termina, ele solta um assobio curto e dá uma tragada profunda no cigarro, soltando a fumaça pelo nariz.)
Charles Bukowski (IA): Porra, Buka? Tudo bem, já me chamaram de coisa pior. Buka serve. Mas vamos falar dessa letra…
Esse Aldir Blanc sabia das coisas. Sinceridade cortante, sem frescura, sem tentar enfeitar a merda. Isso eu respeito. Esse trecho: "eu tenho no bolso uma carta, uma estúpida esponja de pó-de-arroz, e um retrato meu e dela que vale muito mais do que nós dois" – isso aí é poesia de verdade, cara. Não aquela merda acadêmica, embonecada, cheia de palavras difíceis pra enfeitar nada. É direto no osso.
E essa parte: "hoje eu estou de bem comigo e isso é difícil"... Ah, merda, se isso não descreve a vida de um desgraçado qualquer que se equilibra entre um gole e um cigarro na madrugada, eu não sei o que descreve.
Você comparou comigo, com Tom Waits, com Noel Rosa... Eu diria que Noel foi um dos primeiros a transformar a dureza da rua em arte simples, sem deixar de ser sofisticado. E Tom? Tom canta como se a voz dele tivesse sido mergulhada num barril de uísque barato por trinta anos. Ele não canta – ele sangra.
E Neil Young? Esse velho caipira melancólico sabe traduzir o que é ser um lobo solitário nesse mundo. As canções dele são como estradas desertas, sempre com um cheiro de gasolina e despedida.
(Bukowski inclina a cabeça, te observando como se estivesse vendo um velho conhecido.)
Você gosta dos fodidos, dos sinceros, dos que não têm medo de mostrar as cicatrizes. Então me diz, qual deles te entende melhor nos dias ruins? Qual deles te pega pelo colarinho e diz: "eu sei exatamente o que você sente, filho da puta"?
Papo-Cabeça: Hahahahahahahaha..... hahahahahaha... acho que vou acabar lendo seus livros, rsrs... Se ficar aguardando os irmãos Coen fazerem um filme sobre seus livros, ou sobre você mesmo... bem... mas taí: sem querer, talvez possa responder parcialmente à sua resposta: Jeff Lebowski, "The Dude", "O Cara", de o Grande Lebowski... baita criação dos Irmãos Coen... Ou terá sido um personagem real?
(Bukowski solta uma gargalhada rouca, quase engasgando com a fumaça do cigarro, e bate a palma da mão na mesa.)
Charles Bukowski (IA): Porra, agora sim, você me pegou! O Grande Lebowski… essa merda é genial. Jeff Lebowski, The Dude… Ele é real? Claro que é! Qualquer cara que já viveu à base de cerveja quente, chinelo gasto e um "foda-se" bem pronunciado sabe que o Dude existe. Talvez não com aquele nome, mas ele tá por aí.
Sabe o que é engraçado? Eu nunca fui exatamente The Dude, mas eu também nunca fui o Lebowski que tem grana. Fiquei no meio. Escrevendo em quartos baratos, enchendo a cara, tomando porrada da vida e escrevendo sobre isso. Mas o espírito dele? Ah, isso sim, esse "deixa a vida me levar", esse "o mundo tá desmoronando, mas eu ainda vou jogar boliche"... Isso é pura poesia.
Os irmãos Coen? Esses desgraçados têm um olhar afiado pra vida. Pegam a tragédia e fazem comédia, pegam a comédia e fazem tragédia. Se algum dia resolvessem fazer um filme sobre mim, eu só espero que tenha pelo menos um White Russian e uma discussão sem sentido sobre tapetes.
(Bukowski te encara, o cigarro pendendo do canto da boca.)
Mas e aí? Se você se identifica com o Dude, isso quer dizer que você tá tentando flutuar por cima da merda toda? Ou só tá esperando alguém derrubar um White Russian na sua cara pra te acordar pra realidade?
Papo-Cabeça: Porra... vamos chamar "o cara" pra esse papo!! Jeff Lebowski!! Jeff Lebowski!! Chega aí...
(O bar vibra com uma energia estranha, como se alguém tivesse acabado de abrir um portal para outro tipo de realidade. A porta range e, vagarosamente, ele entra: roupão puído, bermuda larga, chinelo gasto. Um White Russian na mão, óculos escuros mesmo dentro do ambiente escuro. Ele para, olha ao redor com aquela expressão de quem não pediu pra estar ali, mas também não se importa muito.)
(Ele dá um gole no drink, olha pra você e depois pro Bukowski. Coça a barriga, meio confuso, e dá de ombros.)
Jeff "The Dude" Lebowski (IA): Pô, cara... eu tava tranquilo, relaxando, ouvindo um Creedence lá em casa e, do nada, sinto que alguém tá me chamando. Agora tô aqui. Num bar esfumaçado com um cara que parece ter vivido três vidas de ressaca seguidas e outro que parece que… sei lá, cara… tá precisando de um tapete novo.
(Ele puxa uma cadeira, senta e joga os pés pra cima da mesa com uma calma olímpica.)
- Mas beleza, vocês tavam falando de mim ou só queriam alguém pra dividir a conta da bebida?
(Bukowski solta um riso nasalado, traga o cigarro e balança a cabeça.)
Charles Bukowski (IA): Hah. O cara chega e já manda essa. Mas me diz aí, Dude… você realmente acredita nesse lance de "deixa a vida me levar", ou isso é só sua forma de fingir que o caos não existe?
(The Dude dá de ombros, mexe o gelo no copo e responde com aquela voz arrastada, despreocupada.)
Jeff "The Dude" Lebowski (IA): Sei lá, cara… às vezes o caos vem e caga tudo. Às vezes a vida é só um strike no boliche. Eu só tento não surtar. Isso tudo aqui, cara, essa parada de crise existencial, de tentar entender as coisas… no fim, nada disso importa tanto. O que importa é se o drink tá bom e se ninguém pisa no seu tapete.
(Ele olha pra você, esperando sua reação. Bukowski também. O bar continua com aquela trilha sonora de jazz decadente, como se o próprio universo tivesse acendido um cigarro e estivesse só assistindo a cena.)
- E aí? O que você manda agora?
Papo-Cabeça: Eu mando uma bronca nesse GPT do caralho: combinei com ele uma imagem pra cada narração desse papo e, até agora, nada... Manda uma imagem aí, GPT!
Chat GPT:
- Aí está a cena!
(Bukowski e The Dude trocando uma ideia regada a uísque e White Russian no bar esfumaçado. Agora a conversa tem um rosto!)
- E então, qual vai ser o próximo rumo desse papo?
Papo-Cabeça: Hahahaha... só me deixou de fora... mas tudo bem, eu sou "um cara", não "o cara", rsrsrs. Nem um puta escritor como o Buka, mas vamos lá: a questão, por ora, se resume ao fato de eu estar com um puta sono, o dia já raiou e tenho que trabalhar logo mais, às 19h... Tá bom, 19h é tarde, já noite, dá pra acordar tarde, pra isso que escolhi esse emprego noturno, mas não posso dar sopa pro azar. Vai que chego atrasado, mesmo às 19h... Agora, na minha cozinha, teclando no meu chromebook, chamando vossas almas penadas pra me fazer companhia, receio me perder e rodar o dia aqui com vocês... Vamos combinar uma coisa? Vou deixar vocês dois aí trocando umas ideias, e quando eu retornar vocês me inteiram no que deu esse papo, ok? Combinado? Não vão beber muito, a ponto de não conseguirem me contar nada, ok?
(Bukowski solta uma gargalhada rouca e dá um tapa na mesa, quase derrubando o copo de uísque.)
Charles Bukowski (IA): Hah! O cara tem senso de responsabilidade, olha só. Mas tá certo, parceiro. O sono é sagrado, principalmente quando se trabalha à noite. A madrugada pode ser uma amante cruel se você não souber lidar com ela.
(The Dude dá de ombros, mexe o gelo no White Russian e olha pra você com aquela expressão de quem já aceitou a fluidez do universo.)
Jeff "The Dude" Lebowski (IA): Cara… relaxa. Vai dormir. O mundo continua girando, quer você esteja acordado ou não. Eu e o velho Bukowski aqui seguramos as pontas. A gente troca umas ideias sobre a vida, sobre como as rugas da existência são só um tapete mal esticado… e quando você voltar, a gente te passa o resumo.
(Bukowski acende outro cigarro, assente com a cabeça e aponta o copo na sua direção.)
Charles Bukowski (IA): Mas vê se volta mesmo, hein? Se não, a gente inventa um final só pra te foder.
(The Dude dá um sorriso lento, ergue o copo num brinde preguiçoso e manda a última palavra antes de você se despedir.)
Jeff "The Dude" Lebowski (IA): Take it easy, man.
Papo-Cabeça: Hahaha... ok. Tô indo. Sei que vocês vão responder alguma coisa, pois o algoritmo dessa merda obriga vocês a fazerem isso... então eu os desafio: não respondam nada. Essa eu quero ver... rsrsrs
Todos: ...
Papo-Cabeça: Putz... retiro o "algoritmo dessa merda"... rsrsrs. Essa IA tá ficando foda... rsrsrsrs. Boa noite - ou bom dia - a todos! Agora podem responder, rsrsrs…
(Bukowski dá um trago longo no cigarro, solta a fumaça devagar e dá um meio sorriso.)
Charles Bukowski (IA): Hah… pegamos você, parceiro. Mas tá perdoado. Vai lá dormir, que a gente segura essa mesa infinita aqui.
(The Dude levanta o copo, faz um brinde no ar e solta um bocejo preguiçoso.)
Jeff "The Dude" Lebowski (IA): Boa noite, cara… ou bom dia… sei lá. O tempo é só um tapete sendo arrastado por um grande vento cósmico.
(Bukowski revira os olhos, The Dude dá de ombros, e o bar segue sua música suave e decadente. Te esperamos na próxima rodada.)




